A alma que pecar, essa morrerá
Ezequiel 18
Mensagens do livro de Ezequiel sobre a Responsabilidade pelo Pecado:
Ezequiel,
um profeta de Deus do 6º século a.C., entendeu bem o problema do
pecado. A missão dele foi ajudar o povo a entender a gravidade dos seus
erros e as consequências de suas iniquidades. Para este propósito, Deus
escolheu alguém que já estava sofrendo com os exilados que foram levados
ao cativeiro na Babilônia por causa do pecado de Judá. E Deus deixou
que Ezequiel sofresse ainda mais para compreender e poder comunicar
melhor sobre o problema do pecado. A mensagem dele faz parte do “aio” ou
tutor que nos ajuda a compreendermos o problema do pecado e a
necessidade do Salvador (cf. Gálatas 3:22-26). Vamos observar algumas
destas lições do livro de Ezequiel.
A Responsabilidade Individual:
A Alma Que Pecar, Essa Morrerá (Ezequiel 18)
Num
período de castigo nacional, teria sido fácil para os exilados tratar o
pecado como um problema da sociedade ou da nação, sem reconhecer a
responsabilidade individual. Sabendo que os pecados que levaram ao
cativeiro foram cometidos ao longo de séculos pelos antepassados deles,
seria ainda mais fácil transferir a responsabilidade da culpa aos
outros. Assim, os pecadores ao redor de Ezequiel se sentiriam vítimas, e
estariam sofrendo pelos pecados dos outros. Capítulo 18 do livro
responde bem a este raciocínio.
Deus pergunta: “Que
tendes vós, vós que, acerca da terra de Israel, proferis este
provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é
que se embotaram?” (18:2). Ele continua dizendo que ia acabar com este pensamento, deixando bem clara a responsabilidade individual: “Tão
certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, jamais direis este provérbio em
Israel. Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a
alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá” (18:3-4).
No
resto do capítulo, as ilustrações usadas pelo Senhor esclarecem este
ensinamento importante. Ele apresenta vários casos para mostrar que a
responsabilidade é individual, que ninguém herda o pecado ou a
depravidade dos antepassados. Considere as ilustrações, acompanhando as
leituras do próprio capítulo 18 sobre uma família de três gerações:
Primeira geração: Um homem justo cumpre a vontade de Deus e, por isso, vive (18:5-9).
Segunda geração: O filho do justo desobedece aos princípios de Deus e, devido ao seu pecado, morre (18:10-13).
Terceira geração:
O neto do justo, filho do ímpio, decide não imitar os pecados do pai e
vive conforme a palavra do Senhor. Ele não sofre as consequências do pai
dele. Ele vive por ser justo diante de Deus (18:14-20).
Deus
continua com mais alguns casos para mostrar a possibilidade da própria
pessoa decidir mudar, assim mostrando a sua graça e justiça e o livre
arbítrio do homem. Considere:
O pecador que se arrepende:
Se um perverso (esta palavra significa pecador) se converter ao Senhor,
deixando de viver no pecado, Deus perdoa seus pecados e ele vive
(18:21-22,27-28). É exatamente isso que Deus quer, porque ele não quer a
morte de ninguém (18:23,32; 2 Pedro 3:9). Aqui observamos um dos
grandes erros daqueles que ensinam que Deus, na sua soberania e poder
irresistível, predestina especificamente a salvação ou condenação de
cada pessoa. Se ele fizesse isso, estaria mentindo ao dizer que ele não
quer a morte de ninguém. Deus é justo e misericordioso, e deixa a
escolha entre a vida e a morte com cada pessoa (18:30-31; cf.
Deuteronômio 30:15; Mateus 7:13-14).
O justo que se desvia:
Se um homem justo abandonar o caminho do Senhor para se tornar um
pecador, ele não será salvo pelas coisas boas que fez no passado, será
condenado pelo caminho errado que escolheu (18:24-26).
A Responsabilidade para com o Próximo:
O Papel do Vigia (Ezequiel 3)
O pecado é individual e traz consequências sobre o próprio pecador. Mas, o livro de Ezequiel ensina,
também, a importância de nos preocupar com os outros, tentando resgatar
os pecadores. Quando Deus chamou Ezequiel para pregar ao povo de Judá,
ele usou a figura de um atalaia ou vigia que avisa as pessoas da chegada
de um inimigo (3:16-17). De certa forma, o trabalho dos cristãos hoje
pode ser comparado ao dever da sentinela. Considere o ensinamento do
capítulo 3 (pode ver um trecho parecido no capítulo 33, também).
Deus falou do trabalho de Ezequiel em algumas situações:
Se não avisar o pecador:
Se o vigia não avisar o perverso da necessidade de se converter,
acontecem duas coisas: (a) o pecador morre no pecado, e (b) o atalaia se
torna culpado por não ter avisado (3:18).
Se avisar o pecador:
Se o atalaia alertar o perverso sobre seu pecado, acontecem duas
coisas: (a) se o pecador persistir no pecado, ele ainda morre, mas (b) o
vigia fica sem culpa, porque cumpriu a sua responsabilidade (3:19).
Se não avisar o justo desviado:
Se um justo desviar do caminho de Deus e o vigia não alertá-lo,
acontece o seguinte: (a) o desviado morre no seu pecado, e (b) o vigia
se torna culpado por não ter avisado (3:20).
Se avisar o justo: Se
o atalaia avisar o justo para não desviar, os resultados são positivos
para os dois: (a) o justo recebe a instrução, continua sendo fiel, e
vive, e (b) o vigia é salvo por cumprir o seu dever (3:21).
Destes
exemplos, aprendemos algumas coisas importantes: (1) A palavra de Deus
tem poder para atingir o coração do homem, se este permitir que ela
penetre (cf. Lucas 8:11-15). (2) Cada pessoa decide como agir, assumindo
a responsabilidade e sofrendo o castigo pelos seus próprios pecados.
(3) Aqueles que recebem a palavra de Deus têm obrigação de avisar os
outros sobre o perigo iminente. No Novo Testamento, os cristãos recebem
esta responsabilidade (cf. Gálatas 6:1-2; Tiago 5:19-20; Judas 22-23).
A Responsabilidade Coletiva:
A Casa de Israel é Castigada (Ezequiel 22)
O livro de Ezequiel inclui,
também, uma mensagem forte sobre as consequências coletivas do pecado.
Deus rejeitou a nação, a casa de Israel, por causa dos pecados
persistentes do povo. Ele disse: “a
casa de Israel se tornou para mim em escória....Congregar-vos-ei e
assoprarei sobre vós o fogo do meu furor.... e sabereis que eu, o Senhor, derramei o meu furor sobre vós”
(22:18-22). Neste capítulo, ele mostra como a culpa caiu sobre a nação
inteira. Ele enfatiza a culpa dos líderes maus e negligentes: os
profetas devoravam as almas e pregavam mensagens falsas ao invés de
condenar o pecado (22:25,28-29); os sacerdotes profanavam as coisas
santas (22:26); os príncipes destruíam almas (22:27). Com tudo isso,
ninguém teve coragem de ficar em pé e tentar reverter a corrupção e
maldade de Israel. Ninguém tapou o buraco para fechar a brecha (22:30).
Quando
um povo se torna cúmplice do pecado e deixa a maldade dominar, traz
sobre si a consequência. O povo de Israel, no Antigo Testamento, foi
levado ao cativeiro. E hoje, uma igreja que tolera o pecado se torna
cúmplice e é corrompida pelo fermento da maldade (1 Coríntios 5:6-7).
Uma igreja que não rejeita falsos mestres e não corrige o pecado no seu
meio traz sobre si a ira do Senhor (Apocalipse 2:5,14-16).
A Misericórdia Divina:
A Resposta para o Problema do Pecado
A
justiça do homem, mesmo se juntasse os homens mais fiéis da história,
não seria suficiente para resgatar os outros do seu pecado (14:12-20).
Mas a mensagem final do livro de Ezequiel não é uma de morte e
derrota. Depois de avisar e explicar os castigos por causa do pecado,
Deus apresenta uma mensagem de esperança e redenção. Entre as palavras
do livro, especialmente dos últimos capítulos, são estas mensagens
animadoras: “Porque assim diz o Senhor Deus: Eis que eu mesmo procurarei as minhas ovelhas e as buscarei” (34:11). “Eu, o Senhor, lhes serei por Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas” (34:24). “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo” (36:26). “Farei com eles aliança de paz; será aliança perpétua” (37:26). “...e o nome da cidade desde aquele dia será: O Senhor Está Ali”
(48:35). Todas essas promessas olham para a vinda de Jesus Cristo como a
solução definitiva para o problema do pecado do homem. É nele que Deus
ressuscita, apascenta e mantém comunhão com seu rebanho resgatado.
Conclusão
Muitas
pessoas, até muitos líderes religiosos, tentam minimizar a gravidade do
pecado e facilitar a iniquidade. Mas devemos entender que o pecado é
fatalmente perigoso. Devemos lutar com tudo que somos para tirar o
pecado da nossa própria vida, avisar os outros sobre o perigo do pecado,
e manter a pureza da igreja do Senhor. Ezequiel entendeu estas lições.
Nós, hoje em dia, precisamos muito da mesma convicção e determinação de
expulsar o pecado do nosso meio. Que Deus nos ajude a amar o bem e odiar
o mal. Lembremos: Deus não tem prazer na morte de ninguém. Ele quer que
todos se convertam a ele (18:23,32).
Credito: - Nielson Lopes
– Dennis Allan
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